Archive for the ‘Objetos do Acaso’ Category

Acaso Vivo

junho 23, 2009

pombos na praça da liberdade

Dos objetos do acaso, não existe um mais ao acaso que os pombos das cidades, e sempre podemos ver muitos nas praças de BH. O que mais me facina neles, é a naturalidade com que estão fixados no canário urbano, nunca tiveram um objetivo inicial de estarem ali, nem mesmo adquiriram alguma função com o passar do tempo.

Esses animais se tornaram um objeto tão mesclado ao espaço urbano que muitas vezes ao menos damos ateção à eles.  A reciproca tambem é válida, são muitas as vezes que passamos pelos pombos e eles continuam agindo de forma natural (nem tanto se considerarmos que o natural seria os animais terem receio de aproximações), sem sequer se moverem.

Por isso vejo os pombos como um acaso vivo, sem função inicial,  sem adequação a uma função, apenas estando ali, como parte integrante e viva do cenário urbano.

Objetos de (Arte) Acaso

junho 23, 2009

O espaço urbano é frequentemente repensado para servir de suporte para manifestações de cultura e arte. O improviso e a capacidade de produzir partindo somente do que a cidade oferece surge como fator enriquecedor. O famoso esporte-francês-só-para-loucos Le Parkour, agora encontra praticantes no Brasil e mesmo em BH. Nele, garotos e garotas utilizam carros, escadas, muros, postes e o que mais aparecer na frente, para saltar, escalar e testar acrobacias – na verdade, o objetivo é correr em frente, independente do que aparecer.
Algo parecido já rola em BH há bem mais tempo. Os praticantes de patinação, skate e BMX, que ficam principalmente pela Praça Sete e Praça da Savassi, transitam fazendo bancos e corrimãos de gato e sapato.

Junto aos muros das periferias também nasceu e cresceu o grafite, que é hoje a forma de arte visual que mais fortemente se identifica com o espaço urbano. Estando as telas e galerias infinitamente distantes de garotos com idéias na cabeça e sprays na mão, a criatividade fatalmente extravasou para o que estava ao alcance: a própria cidade. Prédios, becos, casas e muros foram retirados de sua função original, e passaram a funcionar como suporte para a criatividade, simplesmente por estarem lá, estarem perto. Altamente orgânico e mutante como a cidade, os desenhos se alastram injetando arte gratuita em seus labirintos e nos surpreende pelas ruas todos os dias. Hoje, o grafite possui nomes de destaque mesmo em galerias de todo o mundo, nomes que começaram com o gueto, o spray e o muro da rua de baixo.

Sobre a cidade e o inesperado

junho 23, 2009

Digitar ACASO no google é se deparar (logo abaixo do link que redireciona para o Motel Acaso), com a concisa difinição do Wikipédia: Acaso (do latim a casu) é algo que surge ou acontece à esmo, sem motivo ou explicação aparente. Na realidade, em sua raiz, o Acaso é primo primeiro do Caos, o guri inconsequente que rege o universo e, porque não, as cidades. Por mais que nos esforcemos em organizar e projetar os acontecimentos, essa grande rede complexa e vulnerável a milhões de fatores que é a pólis, diariamente, nos devolve imprevistos. O caos e o acaso nascem no imprevisível e morrem no improviso. Ao levantar da cama e se por de pé, o sujeito já se prepara para o acaso que virá: ele está acima da rotina, é matéria do Cotidiano. É pegar a onda verde no trânsito, ganhar o prêmio da loteria, encontrar um amigo na rua, o assalto, a chuva. O acaso insere na vida da cidade o inesperado, e seus objetos, a surpresa.20080805155244127

ACASO

junho 22, 2009